A índia que virou flor








Certa vez em uma tribo perdida no mar verde da Amazônia, nasceu uma indiazinha. Tinha a pele dourada do sol como qualquer outra criança da tribo. Adorava os rios, as árvores, os animais e tinha grande amor pela floresta. Mas, algo muito especial lhe chamava a atenção, a presença encantadora de “Jaci”- a lua. O Pajé pressentia que a história da indiazinha seria diferente. O tempo passou, a índia virou uma bela moça, porém, teve a vida interrompida em um trágico e comovente final. Ela morreu para nascer a lenda. Vitória-régia, “Estrela das águas”, uma das mais belas flores da Amazônia.


Quem tiver a oportunidade de visitar o norte do Brasil, na vasta região amazônica, com certeza vai se encantar com a natureza do lugar. Vai observar inúmeras espécies diferentes a cada passo dado na maior área verde do planeta. O gigantesco rio Amazonas, o maior da Terra em volume de água, e o segundo em extensão, serpenteia pela floresta transformando a maior bacia hidrográfica do mundo, em um mar de mistérios, e encantos.
Mas, é nos confins da floresta que surge a “estrela das águas”. Flutuando sobre os espelhos turvos e misteriosos que se estende pelos leitos de rios mansos e lagos calmos, a flor, uma típica planta aquática, segue encantando seus observadores, e enriquecendo o folclore dos nativos. Quando o explorador alemão, Robert Hermann Schomburgk, a serviço da coroa britânica viu a flor pela primeira vez, não teve a sensibilidade para manter em seu catálogo um dos diversos nomes dado pelos povos indígenas. Como se fosse dono da maravilha que acabara de encontrar resolveu mudar o nome de “estrela das águas”, que homenageava a bela índia do imaginário das tribos amazônicas, para Vitória-régia, uma homenagem política à rainha da Inglaterra.

Fotos: autores desconhecidos

Depois de ter sido registrada nos frios textos da literatura científica como “Victoria amazônica”, a planta com folhas de formato circular que pode atingir até dois metros de diâmetro, cujas flores só se abrem a noite, atravessou o atlântico e foi em forma de semente levada pelo explorador alemão para brotar nos jardins dos palácios ingleses. A lenda, porém, ficou enraizada nos exemplares nativos e na mente dos caciques e pajés das diversas tribos que povoam a Amazônia. Ainda hoje, quando as noites de lua cheia chegam, eles se sentam em seus terreiros com as crianças da aldeia ao redor de suas pequenas fogueiras, para falar da índia mais bela que a selva já viu. As vozes cansadas dos velhos índios dizem que: “... em tempos distantes “Jaci”, a Lua para os indígenas, aparecia no céu para inundar a floresta com sua luz prateada e encantava as “cunhantãs” – moças. Depois de beijar os rostos das cunhantãs, escolhia para si as mais belas e as levava para transformar em estrelas. A mais bela de todas as cunhantãs se chamava “Nainá” e nunca era levada para se transformar em estrela. Em noites de lua cheia a jovem índia corria pelas montanhas para alcançar Jaci – a lua, na esperança de que fosse escolhida por ela para virar estrela e reluzir no céu, mas, era ignorada. Uma bela noite de lua cheia a índia chegou até a beira de um lago e viu o reflexo da lua resplandecer no espelho d’água e, encantada pelo seu brilho prateado, se atirou no lago e desapareceu nas profundezas de suas águas. A lua então percebeu o quanto ela queria ser uma estrela, mas agora era tarde demais, e com pena da índia, a lua transformou seu corpo em uma flor. No dia seguinte, o cacique cansado de procurar por sua filha foi ao lago e viu que uma planta diferente de todas as outras da floresta tinha nascido no exato lugar onde sua filha se afogou. À noite, ele retornou à beira do lago, para matar a saudade da filha e observou que a planta abrira sua flor e exalava o cheiro da índia, o qual a brisa espalhava pela floresta. Os índios observaram que sua flor só se abria a noite, e então passou a chamá-la de “estrela das aguas”, a mais bela índia da mata que sempre quis brilhar no céu, virou uma estrela que paira suavemente nas águas de lagos e rios da floresta.” E assim termina a história contada pelos velhos índios, e certamente ao final, tira um suspiro profundo dos indiozinhos que recriam a imagem da linda morena de cabelos negros e lisos, que morreu para dar lugar à lenda, e passou a viver para sempre em suas memórias.

Vitória- régia de flor branca. Foto: autor desconhecido

Vitória- régia tem formato circular, atinge até dois metros de diâmetro, pode
suportar o peso de uma criança sem afundar. Foto: autor desconhecido
Vitória- régia de flor rosa. Foto: autor desconhecido.



Imagem de Vitória-régias vista do fundo de um lago. Foto: autor desconhecido


Fontes: 1 - 2
Folha do Bicho
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3 comentários:

Sophia Santos disse...

Parabéns pelo excelente post!

Realmente a lenda em torno da Vitória-régia é um belo simbolo da diversidade e riqueza que permeia a cultura popular do país.

O seu site enriquece sempre mais quem busca por bons conteúdos na rede!

Sem nenhuma dúvida, você conquistou mais uma Leitora!

Parabéns!

Anônimo disse...

estou muito curiosa sobre esta planta

Anônimo disse...

eu achei muito legal

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